Em nossas múltiplas vidas, também chamadas de multiexistenciais, vivemos cercados por muitas consciências. Em cada passagem pela dimensão física acabamos nos relacionando de muitas formas e em diversos níveis. A sociabilidade é um contexto valioso em cada vida nova. A busca pela solidão é uma meta inatingível. Fechar-se na própria família também é uma tentativa inútil. Uma das grandes chaves de nosso sucesso como humanos é sabermos nos conectar com os outros, saboreando e aprendendo com esses contatos.
Apesar de vivermos relacionamentos afetivos com nossos familiares, a maioria das pessoas não entende que esses papéis são meramente transitórios. Caso você tenha perdido um parente muito querido e a ainda lamenta sobre a perda é porque ainda não entendeu que quando alguém morre (ou dessoma) desaparecem também esses papéis sociais. Isto é, seu pai falecido não é mais seu pai, assim como sua mãe falecida também não é mais sua mãe e assim por diante. Quando morremos atuamos mais como consciências e automaticamente nos desligamos de nossas funções e obrigações materiais ou intrafísicas.
O mesmo ocorre com nossa companhia afetivo-sexual ou dupla evolutiva. Apesar de conviver com base no amor e na afinidade é preciso estar lúcido que esse sentimento deve ser vivido hoje, nessa vida, ao invés de desejar ou se angustiar com questionamentos sobre um amor eterno. Nenhum relacionamento íntimo será eterno. Até chegarmos ao nível dos Serenões, ou o topo da evolução conhecida, ainda nos apaixonaremos milhares de vezes. Por mudanças de afinidade, alguns amores antigos avançaram mais rápido que nós enquanto outros vão ficando para trás no quesito da evolução e assim uma única companhia, ou alma gêmea, se torna impraticável.
Dessa forma, precisamos alcançar o entendimento maduro relativo a nossa convivialidade multiexistencial para que tenhamos menos sofrimento e mais tranqüilidade. É preciso ser realista, ou seja, não viver no romantismo e nem tampouco na desilusão. A maturidade é serena. Não prenda seus conhecidos que morreram e também não algeme seu grande amor. Os relacionamentos devem respeitar sua respectiva dimensão. Todo apego ou possessividade é um desperdício emocional. É importante saber se conectar com os outros, como já foi dito, mas fundamental é saber o momento de nos desligarmos.
Por Alexandre Pereira