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28 de agosto de 2010

Argumentos a Favor do Agnosticismo

Argumentos a Favor do Agnosticismo
Roberto Rezende

Definição (1). "Agnosticismo é o ponto de vista filosófico e prático de que não há qualquer boa razão para se admitir que Deus existe ou que Deus não existe" 1.
Definição (2). Agnosticismo é a postura segundo a qual a personalidade opta por não se ocupar de elucubrações filosóficas acerca da chamada causa primária, entendendo o quão inúteis são à sua evolução.

Impossibilidades. A justificativa para isto se assenta em uma dupla impossibilidade para nosso atual nível evolutivo:
1. Concepção. A impossibilidade de concebermos intelectualmente a causa primária.
2. Experimento. A impossibilidade de experimentarmos através da vivência pessoal o que seja esta causa primária.
Possibilidades. Restam-nos, portanto, 2 possibilidades, sem qualquer outra opção:
1. Crença. Acreditar cegamente na existência da causa primária, uma vivência comandada a partir das carências do subcérebro abdominal, quando remanescente e anacrônico no adulto.
Conhecimento. A crença pode ser substituída, com amplas vantagens, pelo conhecimento direto através da vivência pessoal, autopersuasiva. Ninguém discute que vivênciatem um status muitíssimo superior à crença. Quando vivenciamos a multidimensionalidade, gradativamente torna-se secundário crer. Crença pressupõe sempre um excessivo percentual de fantasia indescartável. Haja visto que as maiores tolices das religiões de todos os tipos são aquelas que dizem respeito a dessoma ou morte biológica.
2. Filosofia. Especular, até racionalmente, sobre a existência da causa primária, tecendo raciocínios lógicos e bem encadeados, porém impossíveis de serem baseados em fatos.

Lógica. Vejamos um exemplo disto (filosifice): Assim como pode ser racional supor um princípio incriado para tudo o que existe - lógica a favor do teísmo -, é igualmente racional pensar que "início" e "começo" para tudo o que existe são desejos e condicionamentos ainda bem humanos - lógica a favor do ateísmo. Como se sabe, a lógica não tem compromisso com a realidade.

Ciência. A preocupação com a causa primária não é, portanto, da alçada da ciência, e continuará não sendo por tempo indeterminado.
Auto-engano. Há ainda a chamada fé raciocinada dentro do espiritismo kardecista, uma expressão composta de duas palavras em contra-senso (irracionalidade), tornando-se para muita gente um caso de franca autocorrupção.

Guarda-chuva. Afora isso, Deus é uma grande palavra guarda-chuva, ou seja: abriga muitos conceitos, até excludentes entre si, ao modo destes 3:
Pessoal externo. Muitas conscins cultivam a crença em um deus pessoal, sem ligação com sistemas religiosos específicos.
Pessoal interno. Outras afirmam que todos nós somos Deus, ou que temos um deus interno.
Religião. Há também o deus antropomorfizado cultuado por inúmeras religiões, sem dúvida um efeito colateral da já referida impossibilidade de concepção do que seja o primopensene.
Auto-conhecimento. Àquelas pessoas que utilizam seu espaço-tempo consciencial especulando sobre Deus, ou simplesmente crendo em sua existência, deixo aqui uma pergunta para reflexão: você julga já se autoconhecer em um nível satisfatório?

Prioridade. O autoconhecimento é prioridade máxima e pragmática para nós em nosso atual nível evolutivo. Especulações sobre a natureza divina não o são. O soma tem vida útil. Os fatos demonstram que a evolução é pragmática, queiramos ou não.
Síndrome da DC. O tempo ocupado com o primopensene pode ser mera fuga, e que pode ser encaixada em vários tipos de Síndrome da Dispersão Consciencial, em particular a do tipo espacial-acima, típica da conscin sem os pés no chão
4. Efeito colateral. Sem dúvida um efeito colateral do paradigma ainda materialista vigente hoje (2000), é a existência de cientistas que dividem suas próprias vidas em duas áreas muito bem compartimentadas (mini-esquizofrenia):
Matéria. A área da ciência, abrangendo os fatos de natureza física ou materialista.
Não-matéria. A área da religião, para os fatos de natureza imaterial que sobram, e que passam a ser objeto de crença, na ausência de um arcabouço teórico que os abarque.

Incoerência. O caso do cientista crente é, de resto, análogo aos da professora de ginástica obesa, do pneumologista fumante e do psiquiatra onicófago, incoerências flagrantes e constrangedoras, facilmente encontradiças na socin patológica.
Cosmoética. Muitas vezes o ato de se recorrer à um sistema religioso como complemento à ciência é justificado pela ânsia genuína de princípios éticos. A ética é um aspecto negligenciado com freqüência pela ciência incompleta, mas vigente na maioria dos sistemas de crença, ainda que de maneira rudimentar (protoconhecimento), sob a forma de preceitos morais quase sempre voltados apenas para a intrafisicalidade. Este fato pode tornar uma religião atraente, na falta de opção melhor.

Teratologia. A parceria ou complementação entre ciência (pesquisa, mentalso-mática) e religião (crença, psicossomática) é tão indesejável quanto entre ciência e literatura (arte, psicossomática). A religião para o cientista pode ser um antolho qual dedo extranumerário. Há uma incompatibilidade natural entre os holopensenes. A ciência pode e deve ser plenamente auto-suficiente.

Teste. Este texto pode ser a prova de fogo para a sua condição de livre-pensador. Senão, vejamos: você consegue ler estas linhas mantendo a condição de open mind, sem se escandalizar de maneira reacionária ou apriorista, e até se permitindo refletir e ponderar a respeito? Tal postura revela um nível superior de autoconsciencialidade, holomaturidade e discernimento.